O SONHO
Um dia sonhei. Sonhei que não possuía corpo; Antes era parte dessas minúsculas e insondáveis partículas de energia :0 "pó das Estrelas". Sonhei que me encontrava disperso no Universo; Que com ele expandira, pulsara , explodira e, voltara a ser eu, num circulo mágico que advinhava ser eterno.
Então senti que me tomavam em mãos; Que eu era agora um punhado de Estrelas.Com as "Mãos" moldei Cometas; Sois; Planetas! E a minha alma se inflamou de intenso orgulho quando com elas tomei vida. Toquei vida! E vi que as "Mãos" a lançavam aqui e ali no Universo como faz.o camponês à terra. Assim era.
Senti qúe as "Mãos" acariciavam a sua obra e, ouvi uma voz suave- como um coro de Anjos- A voz falava do que fizera e de como o achava grandioso. E a "Voz” me parecia sorrir...e eu sorri também. E depois vi que as "Mãos" tomavam mais pó das Estrelas e o moldavam. Quando “As Mãos” lhe deram vida, vi que nascia um Planeta. Um belo Planeta.
Então as" Mãos" me tomaram e lançaram à Terra e, ela estava fria,
gelada. Então apercebi-me que não era mais eu; Já não sonhava. Já não ouvia a "voz", nem sentia o calor materno que emanava das "Mãos".
Pouco a pouco, o peso da realidade triturava-me, fazendo com que
lentamente, relutante, eu despertasse.Novamente quis adormecer
para voltar a sonhar. Outra e outra vez. Vezes sem conta tentei mas,
debalde.
Desesperado, vaguei pelo mundo procurando um sinal, um vestígio. Algo que me dissesse que ainda poderia ser possivel. Ainda poderia acontecer de novo mas, o tempo passou.
Um dia olhei-me num espelho. Estranho, descobrir uma corôa de alva brancura, circundando uma calva nascente, num rosto levemente famíliar: O meu rosto! AÍ, compreendi o quanto houvera envelhecido.Como me tornara velho; Muito,muito velho. Reunindo as minhas derradeiras forças procurei um amigo- um desses raros e verdadeiros do fundo do coração. Ele era jovem e o seu rosto resplandesceu quando lhe contei do meu sonho. Da "Voz", das "Mãos" e lhe disse o que deveria procurar por mim. Que algures em um lugar estava a verdade. Falei-lhe novamente das "Mãos" que davam vida a Planetas e moldavam as caudas de Cometas. Insisti que deveria procurar. Procurar sempre! Se porventura antes de terminar a sua missão se se visse velho como eu, urgiria então encontrar um amigo e lhe contar do sonho e esse amigo a outro. E assim foi e assim fiquei. E então, eis que calma e repousadamente, me sentei finalmente para descansar... e...adormeci...e sonhei.
Sonhei que abandonava o corpo - esse meu companheiro de tantos anos - e as"Mãos" me tomaram e, de novo me levaram com elas.


José Morais

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